Subi ao cume da
montanha e conheci-me, finalmente.
Finalmente gostei do
que vi, e nem que tentasse era capaz de capturar tantos pequenos espíritos que
de lá de cima gritaram serem felizes.
Tantas pequenas vozes
que iam saindo de mim através das lágrimas.
Quanto ecoou este
grito de liberdade.
Só sei que sou única
quando me sinto várias.
Só me sinto una e
completa quando canto mais de uma canção e vivo em mais do que um estado de
espírito.
Chego a conclusão que
nunca sou eu quando me impeço de divagar.
(...)
Tenho de ser
múltiplas,
Impedir-me de
controlar esse facto,
Aceitar que só assim
atinjo a minha plenitude,
Talvez até passar a
encara-lo como uma virtude.
Receber-me de braços
abertos,
Surpreender-me com
estados incertos,
Amar a inconstância, a
incoerência,
Para verdadeiramente
conhecer a inteligência.
Já resisti a esta
entrega,
Já fui infeliz por me
negar,
Quis esconder-me de
mim própria até ficar cega,
Achei que seria melhor
não pensar.
Por isso fugia do
refúgio,
Fugia da terapia da
caneta,
Na ilusão de me
encaixar,
Na inconsciência de
não me querer analisar.
Hoje aprecio a
diversidade e o caos interior,
Sei reconhecer a
profundeza de albergar várias personalidades,
Aprendi a dar o devido
valor,
A saborear os
sentimentos em metades.
Um pouco de razão com
um twist de loucura, de pintura.
Vamos assobiar, ouvir
música
Dançar e cheirar as
flores e o campo
Saborear a poesia e
embriagarmo-nos nas palavras,
Sonhar acordados e
sorrir por nada,
Vamos rebolar na relva
Dar as mãos no passeio
Ouvir histórias de
quem não conhecemos
Ler o que nos aqueça a
alma
Agito e abano-me,
Se estou viva, tenho
de estar desperta,
Tenho de ansiar,
inspirar,
Ter a alma a
transbordar.
Para ser uma, tenho de
ser várias,
Tenho de ser a lua, em
todas as suas fases,
Tenho de ser o
sonhador e o soldado,
Tenho de saber encarar
e aceitar cada estado.
Lua nova, estou fresca e inspirada,
Quero absorver tudo o
que me rodeia,
Deixar-me fascinar com
o que encandeia.
Lançar a semente para
mais tarde colher
Aprender de todos os
ofícios para ter a liberdade de escolher
Saber línguas, de
arranjo, de pintura, de terapia,
De Direitos Humanos,
História, filosofia,
De ciência e
astronomia,
Investir na criação
sem depender do resultado
Quarto crescente, aborreço-me com a rotina,
Perco-me no
quotidiano,
Vou-me deixando,
vou-me perdendo,
Ponho os pés na terra
e fico-me pelo mundano.
Perco as forças, a
vontade,
Nada me entusiasma,
nada me dá alento,
Foco-me no terreno, no
objetivo e tangível,
Menosprezo o
pensamento.
Involuntariamente,
vendo a alma à formatação.
Lua cheia, tudo consigo!
Voltei a mim e já não
me quero desligar,
Soube-me viva, embora
não tenha sentido por muito tempo,
Quero impregnar-me de
luz apenas para a refletir,
Distribuir esperança
sem iludir,
Reluzir até brilhar de
paixão,
Ser toda alma e
coração.
Envolver-me na arte e
saber apreciar,
Pôr os pés na terra e
mesmo assim pairar,
Quero transbordar o
espírito,
Ser voluntária para
distribuir alegria e felicidade.
Poder abraçar só com
um sorriso,
E com esse sorriso
curar,
Poder oferecer o
paraíso,
Para quem precisar.
Quarto minguante,
Já sei que o ciclo se
vai repetir
Não vou deixar este
sentimento escapar, fugir.
Vou manter a minha
palavra e espalhar tudo o que consigo.
Vou cumpri com o que
prometi
Largar a indolente, a
diletante,
Deixar a que se deixa
imóvel.
Vou parar com o
estímulo da ignorância,
do ócio e da
incompetência.
Vou acabar com
indolência,
Mas abraçar a
inconstância.
A inconstância
(apenas) de ser várias
Mas ser várias que me
fazem radiante,
Ser muitas, mas
necessárias,
Para construir esta
constelação cintilante.
A aceitação da
diversidade,
O reconhecimento da
liberdade,
Poder ser quem quero,
mas ao menos expressar,
Ao menos sentir, e até
exagerar,
e nunca deixar de me
colorir.
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