Monday, June 27, 2016

a nossa história - parte 2

Mas mais importante és tu e o nosso jogo das cadeiras. O nosso braço de ferro em stand-by porque cada um fazia força para o seu lado.

Já nos conhecemos há muito tempo. No tempo em que ainda nenhum de nós sabia bem o que era (se é que agora já sabemos…) passávamos algum tempo juntos. Não tinha grande tempo para programar o que fazer e o que dizer, era quase obrigatoriamente espontânea, e dedicava o mínimo de tempo a pensar na minha imagem. Contigo fui o mais simples possível (...) . Vias-me conforme eu estivesse, não tinha desculpas nem como me escapulir, viste-me sempre assim como o dia me fazia. Como eu já disse, nunca fui de fantasiar coisas, mas sentia-me bem contigo e achava que tu sentias o mesmo. Riamo-nos muito juntos e lembro-me que adorava ouvir-te falar, ficava fascinada com o teu espírito crítico e com as coisas que sabias, com a tua intensidade quando discutias alguma coisa, e admirava muito isso em ti, até porque eu tinha a intensidade mas faltavam-me os argumentos e o conhecimento dos assuntos. Um dia começaram-me a dizer que eu era a tua princesinha, que se via nos teus olhos que gostavas muito de mim e que devíamos ficar juntos. E depois começaste tu a chamar-me a tua princesa, e a brincar comigo por isso. Comecei a sentir o coração mais quente e não conseguia evitar a maneira como te olhava; sentia os olhos a brilhar mas não tinha a certeza se conseguias ver.

Até que (...) tudo começou a ser diferente, já não via o teu sorriso e sentia falta das coisas que dizias e de como me tratavas. Às vezes falávamos mas não tantas vezes assim, mas quem te conhecia dizia que ainda era a tua princesinha. (...)

Só agora ao escrever a nossa história é que me apercebi que realmente és muito importante para mim e que gosto de ti de uma maneira especial e que nunca deixei de gostar. É claro que, ao longo destes 3 anos, tive muitas e outras histórias pelo meio, e tive momentos em que tu não estavas tão presente em mim – e que pura e simplesmente passavas ao lado, mas o que te distingue dessas outras histórias é que a tua tem um fio condutor e que passa por cima de todos esses obstáculos ocasionais sem se deteriorar. Como eu gostei sempre de imaginar, tínhamos um amor platónico, no qual da tua parte era mais a minha imaginação que outra coisa, era assim que eu tinha noção.

Ao longo deste último ano o nosso contacto já era quase nada, houve realmente a altura da queima em que falámos a semana inteira e nas semanas seguintes também, mas nada de muito concreto ou comprometedor. Falamos como sempre falámos, descontraídos e simultaneamente misteriosos, e pusemos a conversa em dia. No fim do Verão voltámo-nos a ver num festival, um encontro imprevisível que se desenrolou de forma mais imprevisível ainda. Não me lembro como cruzámos as conversas e entrelaçámos as respostas mas o que é certo é que me apercebi que tudo aquilo que eu tinha imaginado um dia, era verdade. Eu era um bocadinho mais do que a tua simples princesa e os olhares eram um bocadinho mais do que desafios. Sempre viste para além daquilo que mostrava e sem eu fazer um único esforço, tu gostaste, algo que eu nunca entendi porque nunca sequer me expus a tanto para tirar conclusões dessas. Vês-me como eu sei que sou exactamente, apesar de ter uma carapaça dura tenho um coração mole e apesar de emanar festa não é isso que me define.

E ficámos à volta de 4 horas numa conversa sem sentido nem rumo, eu chorava sem te entender, tu ficaste aflito e eu ainda mais porque nunca chorei em frente a um rapaz (ainda por cima também por ele mesmo), e lembro-me que fizeste de tudo para que eu me sentisse bem. Seguiste a tua vida e isso está certo (só não sei é quando é que isso aconteceu, nem tu me avisaste) e eu fiquei aqui suspensa (não à tua espera), mas só depois de não haver hipótese entre os dois é que sabemos que poderia ter havido. Foi difícil assimilar isso, ainda por cima estava já numa fase em baixo devido à tal pessoa que me marcou e a outros factores, por isso ainda mais difícil se tornou. Uma noite que podia ter sido tão divertida foi tão dramática. Mas o que é certo é que foi marcante. E por mais confuso que tenha sido, hoje sei que foi bom saber o que soube. A partir daí mantivemos um maior contacto, a conversa fez-nos perceber que apesar de tudo éramos amigos e não queríamos perder isso.

Á cerca de dois meses voltei a encontrar-te. Começámos uma conversa casual, com os mesmos temas de sempre, a mesma intimidade que nos caracteriza, sem tocarmos no ‘nosso’ assunto. Eu sei que tens namorada – e era o que te dizia. Daí surgiu pano para mangas para desenvolvermos a conversa que já tínhamos tido. Afinal não é só assim que me vês, já é de uma forma mais especial à que eu sabia, e sempre fui importante para ti. Esta segunda conversa foi igualmente grande, eu disse-te: tu tens muito jeito para enrolar e continuar a falar mas agora nada adianta, já é assim não podemos fazer nada para mudar, tenho pena que assim seja porque podíamos ter outro destino. Tu concordas e dizes que vais fazer uma coisa que sempre quiseste mas não podias fazer… e dás-me um beijo. Fiquei tão petrificada que não soube o que dizer. Fiz uma cara de espanto e de desorientada e sem me aperceber soltei uma lágrima. Dizes-me logo que não, não foi esse o teu objectivo, mas então o que estamos a fazer?isto não leva a lado nenhum! Incrível como foi sempre um desejo secreto meu, d’antes imaginava que me desses um beijo mas no íntimo soube sempre que era irrealizável – e não o foi, só não foi realizado como idealizado e como deveria ter sido. Dizes-me que não te arrependes, eu também não, mas não mudou nada nem esclareceu nada, já sabia que iríamos encaixar de forma linda e rara, e que meio minuto assim contigo já me sentiria nas nuvens, foi um momento que me faz querer mais e que serviu para acrescentar à nossa história. Depois dessa noite passaste a falar-me quase todas as semanas, acho que querias ter a certeza que eu não me esquecia que gostavas muito de mim e que querias saber de mim, mas que não poderia ser de outra forma senão aquela.

E agora quando te encontrei outra vez, sinto que temos uma ligação tão forte! A maneira como me falas e como me tocas, sempre carinhoso e preocupado, sobretudo protector. Sei que me tens um carinho especial e adoro quando o mostras, adoro estar contigo e falar contigo, adoro quando me contas os teus planos de vida e os teus sonhos, já sabes que te apoio, e tudo porque te acho verdadeiramente capaz de fazeres o que quiseres com a tua vida, porque te vejo como uma pessoa que luta por aquilo que quer e que além de tudo se interessa por coisas importantes. És uma pessoa que me inspira e só de estar contigo já fico bem disposta, és tão especial e ao mesmo tempo tão simples, tão mundano. Deixo para segundo plano o facto de ter aquele especial interesse em ti porque gosto quando me rodeias, e não quero deixar de estar contigo por nada. Sei que não te amo mas o que sinto por ti é a coisa mais pura que já senti por alguém, porque criei uma ligação fortíssima e tive um único e simples contacto físico contigo (ainda por cima no final de tudo isto, o que contraria o que sempre me aconteceu, pois o físico era precisamente a base das relações que tinha antes) e porque quando penso em ti penso sempre em como me fazes sentir.

Contigo apercebo-me o que pode ser o amor, e acredito que se fosse a nossa altura, de estarmos juntos, eu iria finalmente saber o que ele é. Mas por agora deixo de lado esta nossa parte amorosa e concentro-me na nossa amizade. Delicio-me com a possibilidade de deixar esta história em aberto, e, quem sabe, mais tarde completá-la.



Tudo na natureza me convida a ser folha perene, para sempre ingénita, para sempre feliz.